Saturday 24 April 2010

Eu amo minha máquina de lavar – Ciclo 3 1/2 – Reaproveitando a água (literalmente)

Caríssimos leitores, muito cuidado com as informações que vocês recebem pelos meios de comunicação. Inegável que uma instituição que preza pela credibilidade possua critérios rigorosos para seleção de seu corpo intelectual mas, por favor, não tomem todos seus comentários e editoriais como dignos de tal credibilidade.

Exemplo maior há algumas semanas, sou heavy-user da CBN Goiania (FM 97,1) e volta e sempre ouço alguns comentários que consideraria como imprudentes. Digo esse adjetivo pois, aparentemente, os jornalistas/comentaristas da rádio escolhem um tema e uma linha de abordagem e sem nenhum cuidado explanam sobre tal assunto com tamanha confiança que nem se preocupam com algumas armadilhas básicas que qualquer tipo de assunto apresenta.

Como me acho leigo em política e em economia, fico quieto sobre um achismo ou outro que possa a ter com relação aos comentários que ouço, mas não sobre desenvolvimento sustentável. Para esse não! Nesse universo tenho um mínimo conteúdo para ser mais crítico sobre o que ouço a respeito.

Em sintese, sem compromisso com a exatidão das palavras do que ouvi, eis o cerne do comentário:

Na onda do desenvolvimento sustentável a busca de economia e redução de resíduos está resgatando o uso do Bidê. Nos Estados Unidos uma pesquisa indicou números significativos do impacto que a produção de papel higiênico causa no meio ambiente. Anualmente compromete 15 milhões de árvores e XX Gigawatz de energia e XX milhões de litros de água.

Por conta disso o antigo e famoso Bidê está sendo resgatado e com estilo. Formas e cores diferentes se tornam um novo atrativo para decoração e preservação do meio ambiente.

Um golpe no fígado! Uma notícia/comentário/editorial (como acharem melhor) sem compromisso nenhum com o senso crítico nem com a informação que é passada para o ouvinte.

Posso estar errado, mas duvido muito que o retorno do Bidê a todos os lares seja a resposta para a diminuição do impacto ambiental que o ato de lavar a bunda causa ao planeta.

Nesses momentos gosto de apelar para a matemática reflexiva de primeiro grau:

Total de H2O gasta no uso do Bidê (x) < Árvores gastas para a produção do papel higiênico (y)?

Para os mais entendidos vou para a equação reflexiva de segundo grau que levaria em consideração ainda a quantidade de cerâmica necessária para atender essa nova demanda, além, e é claro, do espaço adicional para a instalação do novo objeto nos banheiros (tijolo, reboco, massa corrida, azulejo, etc). No seu banheiro caberia um bidê? No meu não!

Aposto que o comentarista da CBN nem pensou nisso, não é?!

Outro ponto despresado nesse comentário é o item ÁGUA. Independente se o bidê causa menos impacto que as toneladas de papel, sem dúvida ele gasta muito mais água; e qualquer gasto adicional de H20 é com certeza um luxo que não podemos ter. Água potável ou água doce é escassa e a cada dia mais e mais pessoas estão desprovida desse elemento tão vital (estatísticas da ONU são assombrosas que me recuso a postar aqui).

Uma alternativa seria usar água reaproveitada da chuva. Mas seria tão limpa quanto a do sistema de abastecimento? Talvez não… mas considerando o que estaríamos limpando…

Outra alternativa seria a água do mar, essa sim em abundância (heheeh), mas o sal resseca a pele e consequentemente fazer o número 2 acabaria deixando de ser um dos momentos mais prazerosos do dia.

Caríssimos, perdão, mas não consegui fugir da ironia e do deboche. Parece que insistimos em buscar nos objetos a resposta ou os subterfúgios para nossos problemas. Temos que ver que todo e qualquer tipo de problema perpassa pelos nossos hábitos. Se realmente queremos causar menos impacto, pequenas coisas já ajudam:

- Que tal aproveitar mais o papel higiênico? Todo mundo sabe como e não preciso dizer isso aqui. A preguiça é amissíssima do desperdício.

- Muitas vezes temos o hábito de fazer nossas necessidades antes de tomar banho. Porque não deixar para nos limpar no banho ao invés de usar o papel higiênico e depois entrar no box e limpar tudo lá novamente?! Porque não fazer o xixi na hora do banho ao invés de fazê-lo na privada e dar descarga?! Gastos desnecessários…

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Ahhh Bidê?! Para que foram te resgatar? Você estava lá imaculado no altar das boas lembraças da década de 80. Na minha inocência de menino de 5 anos… achei que você era, na verdade, um bebedouro bacana!!!!

Enquanto não rescussitam em definitivo o Bidê… o pessoal da cidade continua usando o Chuveirinho e algumas pessoas da roça… a folha de bananeira.

até o próximo…

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Enquanto escrevia esse blog…

1) Descobri um blog sobre o mesmo tema: Marcelo Leite pela Folha Online

2) Me lembrei de o quanto gosto de falar sobre temas escatológicos.

3) Ouvia: