Monday 19 September 2011

O velho cinema novo

Na ultima sexta feira, após um puxado dia de trabalho, juntei as poucas forças que me restavam e rumei para o cinema assistir a mais uma película da inesgotável franquia O Planeta dos Macacos, sendo a de 2011 intitulada de “A Origem”, após o nome original.

Planeta dos Macacos - A Origem (2011)

O enredo desse filme arrisca em abordar uma das inúmeras possibilidades que habitavam nosso imaginário, principalmente, a de como os macacos passaram a ser a espécie dominante. O resultado acaba sendo interessante, mas macula e restringe de forma incisiva todo universo de possibilidades que cada espectador (fã ou não da série) criava do modo como os macacos tornaram-se a espécie dominante, principalmente quando comparado ao original de Franklin J. Schaffner de 1968 e ao remake de Tim Burton de 2001.

O Planeta dos Macacos (1968) O Planeta dos Macacos (2001)

Entretanto, não é sobre roteiro que queria falar desse filme, mas sim da técnica e tecnologia existente nele. Como dito, "O Planeta" é uma franquia existente em quase metade da história do cinema, atravessou gerações e foi "vitima" da revolução tecnológica que passou a sétima arte. Saiu de soluções de robótica rudimentares e cenários magníficos construídos durante meses para uma época onde os filmes sem nenhuma vanguarda tecnológica são construídos 70% ou mais dentro do computador. Tanto é que quando comparado os dois filmes mais recentes (2001 e 2011) percebe-se sensível diferença entre a qualidade dos efeitos visuais em um universo onde pergunta-se, até onde os efeitos podem ir, ou melhor, nos levar?!

É um cenário que me trás um saudosismo gostoso e um tanto melancólico, pois o romantismo do cinema feito de cenários e locações parece que deu espaço à frieza matemática dos complexos códigos dos programas de renderização gráfica. Para aqueles que já tiveram a oportunidade de produzir um filme, por mais amador ou rudimentar que tenha sido, sabe o quão excitante é fazê-lo da forma tradicional.

Nessa nova estrutura, atores e atrizes tem que contracenar com cenários de fundo azul e personagens inexistentes, sobra para eles a tarefa de redobrar seus esforços imaginários e talentos artísticos para transmitir a emoção necessária para que a mensagem de seu personagem seja "acreditável". Infelizmente, só bons atores e atrizes tem essa capacidade, cabendo à grande maioria de competência mediana, atuações mentirosas e medíocres.

Talvez eu seja um chorão reclamando de barriga cheia, afinal filmes bons e ruins sempre existiram e são lançados semanalmente. Exemplo bom é deste que comentei acima. Dai me coloco na posição daqueles entusiastas da pintura de retrato o que temeram com o advento da fotografia; assim como os amantes da fotografia, receosos com o surgimento do cinema; e os aficcionados desta última arte com a popularização da TV.

Parece que compartilhamos o mesmo medo besta, pois tudo o que veio de novo agregou, tudo bem que na bagagem veio muito lixo, mas isso aí já é inerente à natureza humana e em tudo que ela cria.

…………………………………

Sites recomendados:

Cinema em Cena

The Internet Movie Database

Ao som de: