Wednesday 25 January 2012

De repente, partida.

Por sermos quem somos: animais pensantes e uma espécie um tanto quanto egoísta, acabamos esquecendo o quão somos pequenos.

Imaginamos que sabemos de tudo, e para aquilo que não sabemos acreditamos fortemente que há alguém (entidade, divindade, etc) que saiba de tal resposta.

Mas a vida possui percalsos que quando nos deparamos com eles, parecem dar um tapa na cara de tão absurdo, incompreensível até aos olhos dos mais crentes. Como pode haver certos tipos de sofrimento? Como Deus inflige tal agonia e dor para as pessoas boas, logo para as pessoas boas?!

Certa vez, um grande amigo, de farra e de filosofia me falou da visão de sua crença que é compartilhada por outros milhares, milhões. Apresentou-me sua teoria ou melhor, sua fé, de que essa não é nossa única vida, é apenas mais uma vida que vivemos e de outras tantas que iremos viver. Subtamente lembre de um diálogo do filme Gladiador (2000) em que o personagem principal diz: “que o que fazemos em vida ecoa pela eternidade!”.

Parte dessa crença que meu amigo falou diz respeito que certas “atrocidades” que acometem à pessoas boas nessa vida seria um reflexo ou o semear do que elas fizeram em vidas passadas. Seria a existência (ou outro sinônimo mais apropriado) buscando um equilíbrio para aquele ser ou espírito.

Outro ponto que me lembro da nossa conversa é o que chamaria de senso de propósito: nada acontece ao acaso, mesmo as coisas mais incompreensíveis, sofríveis e absurdas. Para os que ficam, dizem que há o ensinamento que aquele momento proporciona. Ensinamento que só o tempo e um estado receptivo para isso poderá revelar.

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Não sou nenhum estudioso em religião, estou mais próximo de ser um leigo, mesmo que seja um Católico praticante. Posso ter cometido um erro grave no meu discurso acima sendo bastante tendencioso a ter a melhor temática para o meu tema, corrompendo a real e complexa idéia que meu amigo me a transmitiu de forma suscinta, mas não quis ofender, fui espontâneo.

Espontâneo em me permitir a imaginar a dor e a agonia que algumas pessoas queridas estão passando nesse exato momento por conta da perda de um ente querido. Deixar que as palavras fluíssem na busca de não fazer um texto agradável aos olhos do leitor, muito menos um discurso consolador, mas externalizar a agonia que foi ao me deparar com o fatídico “porque isso aconteceu?!”.

Dai, sou obrigado a remeter à idéia do primeiro parágrafo:

Quão ignorantes somos em imaginar que sabemos todo o mistério que nos ronda?!

Que soberba nós temos em questionar os desígnos de Deus acreditando que nós sabemos sempre o que é melhor para nós?

De fato isso não é nada consolador nem confortante no momento de dor extrema, mas o que seria? Quais palavras dizer?

Nenhuma…

É nesse momento em que não achamos nenhuma frase de consolo e onde nenhum abraço parece confortar é que se agarra na coisa mais abstrata, mais improvável para os mais céticos, teóricos e descrentes…. a fé! E as duas frases em negrito estão acima estão de certo cheia de fé.

E que seja a fé de acreditar que a vida de qualquer pessoa ceifada da forma que for, consiga transmitir para aqueles que ficam o seu propósito e que o nome delas nunca seja esquecido.

Que aos 45 do segundo tempo esse blog transmita uma mensagem de vida através de duas frases:

Nasce-se sem pedir e morre-se sem querer. Por isso, proveite o intervalo. (ouvi da minha afilhada Brunella Gava, mas não acho que seja de sua autoria)

Passamos mais tempo mortos do que vivos! (dita no programa Pretinho Básico da Rádio Atlantida, em 24 de janeiro de 2012)

The end (begin)…

Friday 13 January 2012

Destino

IMG_0619Sempre recusei a máxima que nosso destino está traçado, de que algo nas estrelas, na borra de chá ou mesmo na minha mão diga quem eu sou e que eu vou ser isso ou aquilo. Acho que eu e todo mundo tem muito a mais para oferecer e que todo o mistério que envolve a nossa existência não se resume à um jogo de cartas marcadas.

 

Outra certeza que tive foi que ao me permitir as coisas na minha vida eu estaria tomando as decisões mais acertadas e de fato todas as mudanças drásticas que tive, possuiram um gosto de certeza inabalável, mas agora a sensação me parece diferente. Incerteza, mesclada com uma necessidade de auto afirmação e com o medo natural que essas sensações naturalmente carregam, literalmente tão tirando o meu sono. Talvez seja a mesma sensação das ultimas vezes, mas com não sei ainda se será tão acertada como as outras, essa angustia parece inédita.

Uma escolha possui um peso muito grande, pois ela exige sacrifícios, ai serve a máxima de que ao escolher um pacote de coisas, estamos automaticamente abdicando de tantas outras. Um casal quando resolve casar e abrir mão da vida de solteiro; ou quando decidem ter um filho e abrem mão de viajar e outros luxos; ou um filho que resolve restringir o convívio com a família e se muda para longe em busca de um sonho qualquer são exemplos de escolhas nada fáceis.

O que dá um requinte de crueldade à Escolha é o Tempo, pois uma Escolha demanda tempo e esse tempo nunca mais vai ser revertido se você "voltar atrás", alias sempre é tarde para voltar atrás, pois uma decisão que é considerada "voltar atrás" nada mais é do que uma nova decisão, aparentemente igual a que se poderia ter tomado antes, só que num tempo mais a frente. Falar desse jeito é ter a ilusão de que se pode voltar no tempo, apagar o que foi escrito e rescrever nossa história, impossível tudo uma ilusão.

Tomar uma decisão é abrir a porta para o arrependimento e confesso que essa palavra antes inofensiva hoje me causa calafrios. Dizem que o pior arrependimento é não ter tentado, mas tudo na vida é tentar: se escolho ficar em casa ao aceitar uma proposta de trabalho em outra cidade eu, aparentemente, posso não estar tentando o caminho mais audacioso, mas de certo estou tentando ter o mesmo sucesso de que teria, só que ficando na minha terra natal com meus entes queridos; ou quando não resolvo investir em uma paixão por morar longe e pelo futuro ser incerto é sinal que posso não estar tentando vivenciar fortes emoções, mas que estou tentando ser realista com todo o cenário de dificuldade e por aí vai.

De certo que a famosa frase “de que o pior arrependimento é não ter tentado” contempla que o tentar faz referencia às decisões mais difíceis e que requerem mais sacrifícios, subtendendo que as mais fáceis são mais acessíveis em um momento futuro, ex.: posso aceitar a proposta de mudança correndo o risco de que se não der certo posso voltar para casa; ou investir naquela paixão a distancia, mesmo correndo o serio risco de dar errado e se assim ocorrer, saber que você terá um monte de argumentos para se convencer de que não tinha como dar certo. Sabiamente a frase prevê que a escolha inversa, aquela que escolhe o mais fácil e depois se arrepende, dificilmente não se terá a mesma oportunidade no futuro.

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O processo de escolha é uma balança, ou como meu amigo Alex "Neeemmm" Deeke disse melhor, é uma análise SWOT de cada possível escolha. Entra na analise conceitos técnicos, emocinais, profissionais, pessoais e de história (presente, passado e futuro). Mistura-se eles, depois tenta-se separa-los, dar peso, notas, eleva-se alguns e rebaixa-se outros na busca de uma resposta clara que dê confiança e conforto para se fugir do agonizante arrependimento.

Depois desse longo processo e horas de reflexão a sensação é que as duvidas persistem.

Em determinado momento o melhor caminho é não mais pensar, dá vontade de pegar uma moeda e deixar o destino decidir, afinal tenho fé de que tudo dará certo independente de onde estiver.

Não lancei a moeda ao ar, mas percebi, com a ajuda de valorosos amigos e da minha família que eu estou na fase de arriscar, que tenho muito pouco a perder comparado com uma situação que tivesse casado ou com filhos, ou talvez seja a hora de correr o meu maior risco, mesmo que o risco de errar seja muito alto...

O frio da barriga nunca sai de mim... Que venha o próximo desafio, pois como diria o inoxidável e emblemático Rock Balboa:

 

"O segredo do sucesso da vida não esta em quantas porradas você pode dar, mas em quantas você agüenta tomar!"