Tuesday 15 November 2011

Dê a preferência

Viajar é uma ótima oportunidade de ampliar nossa visão, passamos a perceber o que nosso cotidiano tem de bom e o que tem de ruim, com ela nos tornamos mais críticos e também mais humildes.

Exemplo a ser seguido!

Nessa última férias eu e meus pais tivemos mais uma vez a oportunidade de fazer um roadtrip por um pais estrangeiro. Diferente das outras vezes que fomos ao velho continente nesta oportunidade desembarcamos nos Estados Unidos. Da minha parte, 13 anos após minha primeira visita e tudo diferente, já que eu também já não sou (ou era) o mesmo. Como motorista oficial da viagem e por andar muito pelo Brasil inevitável não vivenciar certas realidades que dão bons e maus exemplos do que temos aqui. Constatei que algumas coisas não seriam necessariamente quebra de paradigmas, mas se tornaram boas e agradáveis surpresas.

Primeira constatação é da impossibilidade da não existência de lobby por parte das indústrias automobilística e petrolífera nos EUA, pois transporte publico na Califórnia é praticamente nulo, principalmente em Los Angeles. Tudo, absolutamente tudo é feito de carro. A ausência de transporte público de qualidade, associado com o baixo custo de um automóvel  (lease para os novos e preços atrativos para os usados) e o custo do combustível (1 litro = R$ 1,60) são a fórmula fatal para a ratificação deste cenário e faz nosso transporte público ser supimpa de bom! Engraçado ter essa constatação pois dai imaginei que os outros tipos de transporte alternativos também sofreriam o mesmo tipo de negligência, mas fui surpreendido ao identificar a ótima infra estrutura para bicicletas, principalmente em São Francisco: aluguel das magrelas,ciclovias dividindo democraticamente espaço com os carros e os poucos ônibus existentes eram equipados com um rack para carregar até 3 bicicletas para aqueles trajetos mais longos ou tortuosos. Algo legal de ser copiado.

Outra coisa legal que vi foi a quantidade de carros híbridos/elétricos que existem por lá, hoje são tão populares quanto os famosos gas guzzlers. Isso está longe de representar uma mudança no paradigma de que "os EUA não está nem aí para energias alternativas", de tirar o país do posto de maior consumidor de combustíveis fósseis do mundo ou de nos fazer fechar os olhos à real influência que a indústria petrolífera exerce na política norte americana, afinal até alguns anos atrás o cargo máximo daquele país era exercido por alguém com ligação direta com o mundo econômico do petróleo e que por consequência não o fez assinar o tratado de Kyoto; de qualquer forma é outra coisa que poderíamos copiar, é claro que o nosso governo poderia ajudar incentivando esse tipo de veículo, a tão falada redução de imposto seria uma boa, pois lá o carro hibrido mais vendido custa R$ 40.000,00 aqui chegará em 2012 custando nada menos que R$ 100.000,00!

Por fim, mas o que achei mais bacana, surpreendente e a razão para escrever esse blog é constatação de como o trânsito dos EUA é mais humano, educado e consciente. A minha surpresa caminhava lado a lado com minha infelicidade de saber como SOMOS mal educados nesse assunto.

Cidade caótica como Los Angeles não possui o trânsito agressivo que uma cidade como Floripa ou Vitória possuem. Proporcionalmente lá possui menos sinais de trânsito e filas, pois as pessoas respeitam mais, havendo esse respeito algumas manobras que aqui são proibidas lá acaba sendo permitido, por exemplo:

- No farol vermelho não havendo sinalização dizendo o contrário os carros podem convergir à direita. Todos fazem isso com cuidado olhando para ver se não há outro veículo vindo na prefencial. Aliás se não estou enganado a placa "Dê a Preferêcia" não existe lá, o que ha é consciência para se dar a preferência o que feito pela grande maioria.

- Fato é que em todos os cruzamentos que possuem sinalização de PARE, independente se há ampla visibilidade para todos os lados, sem exceção, observei todos os carros pararem e depois seguir seu caminho. Mesmo em rodovias isso é respeitado.

- Como consequência do hábito citado acima, quando há um cruzamento de vias onde há 4 carros (um em cada sentido) querendo cruzar, além de pararem, cada carro cede a vez para aquele que primeiro chegou ao cruzamento. É de impressionar como não falha, um de cada vez, sem stress de querer passar, pois sabe-se que sua vez irá chegar, e rápido.

Por esse último item falado tenho que tirar o chapéu para os caras! Estamos anos luz desse senso de civilidade que percebi haver por lá. Paremos com o egoísmo, sejamos mais educados, vamos realmente DAR A PREFERÊNCIA e não esperemos governo ou sistema impor ou incentivar a realização de um transito mais humano!

See you...