Monday 3 February 2014

Vai um "recordation"?

"Viajem é o oxigênio da alma" quem já não escutou alguma vez essa máxima?! 
De fato é! Saímos da rotina, nos deparamos com pessoas e culturas diferentes que expandem nosso horizonte mostrando que o mundo é muito mais do que nossas 8 horas de trabalho e as 8 horas de sono.
Nesses contatos com pessoas e lugares somos entorpecidos com uma sensação muito boa toda aquela carga cultural e exótica que temos contato faz com que ansiamos enormemente por parte daquilo. Desejamos possuir mais dessa experiência do que aqueles breves minutos ou horas, queremos carregar aquela sensação muito além daquele momento e que seja além de uma breve lembrança que o tempo e o dia a dia se encarregarão de tornar mais desfocado e menos colorido.    
Por conta disso, recorremos à todos os subterfúgios disponíveis: entupimos nossas câmeras de fotos, gastamos muitos reais (já convertidos) em restaurantes de comidas típicas, e outros tantos reais comprando objetos ou lembrancinhas (como acharem melhor) que acreditamos ter o poder de reter nele toda aquela magia ali vivenciada.
Quando retornamos, aquela lembrança já não é mais um mero objeto, ela tornou-se um ídolo cheio de valor e é colocado em local de destaque em nossa casa, trazendo constante recordação de toda alegria vivenciada naquele momento.  
O tempo vai passando, e as lembranças recentes da viagem vão sendo substituídas pela conta de Iptu paga, pelo novo modelo de carro que foi lançado e de como trabalhamos muito na última semanas. O ídolo vira paisagem, entra no lugar comum e dificilmente despertando suspiros de um momento mágico vivido em um passado que agora parece tão distante. 
Subitamente o ÍDOLO vai para uma categoria que chamaria de  "PÁQUESERVE?", denominação esta que faz você tecer a seguinte frase
" - Onde estava com a cabeça quando comprei isso?!"
Subitamente, além do objeto não possuir mais nenhum valor e não acessar mais nenhum desejo e memória que o justificasse estar ali, ele passa a ser um estorvo, incomodando e finalmente sendo posto de lado proporcionando uma sensação de alívio. 
Mas o que mudou?
O objeto ou nós mesmos? Por mais óbvio que pareça, digo que o que foi que mudou fomos nós! Voltamos a achar que o nosso mundo se resume ao Iptu, à vangloriar novos carros e aos problemas do trabalho, colocamos novamente a viseira de burro e achamos que o nosso mundo se resume à isso (que o "isso" seja a coisa e a rotina mais banal que você quiser achar).
Termino esse blog falando outro bordão que vai resumir a mensagem final: 
"- Viajar é preciso!"
Mesmo que a viagem seja dentro do seu apartamento olhando para aquele banal objeto colocado em sua prateleira, mas que você não olha com os menos olhos de antigamente.