Friday 24 June 2011

Ao Coringa com carinho…

Ana pediu para que escrevesse um post para o seu blog, momentanemamente faltava inspiração, sobre o que escrever? Esteriótipos dos brasileiros ou estrangeiros; intolerância ou preconceito?

Não sou declaradamente uma pessoa que gosta de causar polêmica, mas adoro ver uma polêmica no ar e talvez seja extamente sobre isso que devo falar! Pois, precisamente sobre esse tema que o blog “Como reconhecer um brasileiro” acabou se tornando. Provavelmente não foi essa intenção, mas ai está a maravilha de todas as manifestações artísticas (no caso: o ato de escrever e publicar). Ao ganhar o mundo, o texto ganhou vida e seguiu seu caminho!

Fiquei sabendo primeiro que havia uma polêmica e depois que havia o blog. Soube ainda que o tema abordava esteriótipos do comportamento dos brasileiros que vão ou moram no exterior, como havia morado fora por um tempo também poderia me incomodar com com isso e subtamente a curiosidade aumentou.

Ao ver o depoimento do polonês contorcionista e seguido pelo texto, respeitosamente confesso que fiquei decepcionado. Não que o vídeo não fosse engraçado tanto pelo tipo de discurso feito, pelos trejeitos do entrevistado e pelo sotaque que me lembrou muito meu colega polonês Adam da época de Grange, mas porque o monstro não era tão grande quanto imaginava, de fato, não havia monstro algum…

Após ver pela primeira vez, apertei o replay e vi novamente, agora com um olhar mais clínico, buscando o MOTIVO de tanto rebuliço e encontrei algumas pistas que poderiam conduzir àquela revolta, uma das coisas que encontrei foi a criação de um esteriótipo bem humorado sob a ótica de uma pessoa. Tal relato nem ofensivo foi, pois é muito dessa forma que reconhecemos os brasileiros lá fora: Nike Shox é uma tara; óculos Rayban (me incluo nesse grupo); e as mulheres adoram bolsas da Louis Voiton, Dolce Gabanna, com aquele hiper logo, parecendo um outdoor ambulante.

Somos fúteis (veja que estou nesse balaio)! Uns para mais e outros para menos, mas de certo avaliamos e creditamos muito do caráter inícial das pessoas pelo que elas mostram ou vestem e não pelo interior dela. Por isso é importante mostrar tanto a marca dos objetos, quanto maior, melhor!

O jacarezinho da Lacoste na camisa de um jovem de 30 anos transmite que ele é bem sucedido, sério e confiável…. até o momento que descobrimos, na verdade, que a camisa é falsificada (os brazucas também tem uma quedinha por esse tipo de comércio “alternativo”). Quando isso acontece, o perfil dele torna-se o de uma pessoa que quer mostrar quem ele não é (melhor o que não tem), possivelmente de personalidade enganadora e, consequentemente, não confiável. Não vou discursar sobre essa seara, mas não é bem assim que as coisas deveriam ser.

Como dito anteriormente, vi que havia mais fumaça que fogo nessa história toda e a polêmica pode ter sido inflamada não pelo o que foi dito, mas sim por quem foi dito. Já ouviram aquela máxima:

Se eu falar que sou feio, ok, mas se você falar é ofensivo!

Poo… se eu sou feio e tanto eu quanto você concordamos com isso, não há motivo para confusão, não é?! Pudera ser assim…

Um brasileiro falar para o outro de forma irônica que eles são doidos por coisas de marca e adoram mostrar isso não tem nenhum problema, mas um polonês falar isso, aí não! É uma agressão à pátria, praticamente uma questão de segurança nacional e quem é esse polaco para falar dos brasileiros?! Até parece que o povo dele é perfeito.

Temos que passar a aceitar mais as observações irônicas a nosso respeito, principalmente quando forem verdade. Um exemplo perfeito desse pensamento é o episódio dos Simpsons sobre o Brasil, virou uma polêmica tão grande que até os tubarões de Brasília se meteram no meio. O episódio é muito bom e vale a pena conferir…

Os Simpsons no Brasil. Direitos da Fox e seus criadores!

É importante saber que o bom dos exteriótipos é o exagero. É a mesma coisa que a caricatura, foca-se no erros ou nos detalhes que chamam atenção, apenas para se divertir…

Por isso volto ao título: Why so serious? Let put a smile on that face!

Saturday 18 June 2011

Ziguezagueando

Mês passado estive na deslumbrante Serra do Rio do Rastro no sul de Santa Catarina. São 20 km de uma rodovia que que liga o litoral à Serra Catarinense, região próxima à São Joaquim (no município de Lauro Muller). É inexplicável descrever tamanha beleza natural e a impressionante empreitada do homem na década de 1940 em desbravar aquela íngreme serra e construir a rodovia. Só estando lá mesmo para descrever a sensação de subir mais de 1400 metros em 20 km de estrada, da temperatura cair mais de 10 graus do sopé ao topo e de trocar uma Mata Atlântica por uma estepe típica do clima temperado e que logo em seguida transforma-se em uma homogênea e absolutamente exuberante floresta de Araucárias.

Em direção ao Rio do Rastro Cada km da estrada é um convite à contemplação, uma rodovia atípica, onde a velocidade é item descartável no ziguezague sem fim de concreto entre as rochas e a mata. Não é questão de não se conseguir ir mais rápido, é que não se quer ir mais rápido! As pessoas acabam se encontrando nos espremidos, numerosos e concorridos refúgios ao longo da subida, o stress dá lugar à gentileza, um dando passagem ao outro, como se quisessem ser o ultimo a sair de lá e assim poder reter nos olhos aquela beleza por mais alguns segundos.

Zigue zague interminável

A cereja do bolo acaba sendo o topo da serra que parece ser o resumo de tudo ao que se passou durante à subida. Os corpos se espremem no muro à beira do precipício e os olhos se perdem: no horizonte sem fim e nos mais longínquos e hipnóticos pensamentos que aquele lugar pode transportar.

"Sitting on the top of the world"
Essa região possui uma relação peculiar entre o homem (e sua obra) e a natureza. Em geral, vejo ela como desigual no já batido: a natureza cria e o homo-sapiens destrói. Mas ali a intervenção do homem acaba gerando uma beleza concomitante com a da natureza. Digo isso, pois durante o passeio, o deslumbre com a paisagem é tamanho que é impossível não pensar:

- Cara, isso tem que ser preservado!

Será que esse pensamento teria ocorrido se a estrada não existisse e tal paisagem mantivesse intransponível e, por fim, desconhecida à grande maioria das pessoas?! Acredito que sim.

Dessa forma, ponto para a obra do homem.

Hoje, a região vive novo e impactante processo de intervenção em sua paisagem como ocorrido há 70 anos. No topo do platô da serra esta sendo instalado mais de 60 Torres de geração de energia eólica, cada uma com cerca de 50 metros de altura e distante de 300 a 400 metros uma da outra.

Parque Eólico Uma baita intervenção diga-se passagem, mas após tantas idas e vindas de opinião: feio-bonito, válido-desnecessário, etc; finquei o pé em um consentimento favorável e vejo como válida essa ação. Mais turismo ecológico, mais energia e mais conscientização, quem sabe um novo projeto equivalente ao criado pela rodovia da Serra do Rio do Rasto não esteja sendo construído?!

Vale a pena viver pra ver.

Até a próxima viagem!