Saturday 18 June 2011

Ziguezagueando

Mês passado estive na deslumbrante Serra do Rio do Rastro no sul de Santa Catarina. São 20 km de uma rodovia que que liga o litoral à Serra Catarinense, região próxima à São Joaquim (no município de Lauro Muller). É inexplicável descrever tamanha beleza natural e a impressionante empreitada do homem na década de 1940 em desbravar aquela íngreme serra e construir a rodovia. Só estando lá mesmo para descrever a sensação de subir mais de 1400 metros em 20 km de estrada, da temperatura cair mais de 10 graus do sopé ao topo e de trocar uma Mata Atlântica por uma estepe típica do clima temperado e que logo em seguida transforma-se em uma homogênea e absolutamente exuberante floresta de Araucárias.

Em direção ao Rio do Rastro Cada km da estrada é um convite à contemplação, uma rodovia atípica, onde a velocidade é item descartável no ziguezague sem fim de concreto entre as rochas e a mata. Não é questão de não se conseguir ir mais rápido, é que não se quer ir mais rápido! As pessoas acabam se encontrando nos espremidos, numerosos e concorridos refúgios ao longo da subida, o stress dá lugar à gentileza, um dando passagem ao outro, como se quisessem ser o ultimo a sair de lá e assim poder reter nos olhos aquela beleza por mais alguns segundos.

Zigue zague interminável

A cereja do bolo acaba sendo o topo da serra que parece ser o resumo de tudo ao que se passou durante à subida. Os corpos se espremem no muro à beira do precipício e os olhos se perdem: no horizonte sem fim e nos mais longínquos e hipnóticos pensamentos que aquele lugar pode transportar.

"Sitting on the top of the world"
Essa região possui uma relação peculiar entre o homem (e sua obra) e a natureza. Em geral, vejo ela como desigual no já batido: a natureza cria e o homo-sapiens destrói. Mas ali a intervenção do homem acaba gerando uma beleza concomitante com a da natureza. Digo isso, pois durante o passeio, o deslumbre com a paisagem é tamanho que é impossível não pensar:

- Cara, isso tem que ser preservado!

Será que esse pensamento teria ocorrido se a estrada não existisse e tal paisagem mantivesse intransponível e, por fim, desconhecida à grande maioria das pessoas?! Acredito que sim.

Dessa forma, ponto para a obra do homem.

Hoje, a região vive novo e impactante processo de intervenção em sua paisagem como ocorrido há 70 anos. No topo do platô da serra esta sendo instalado mais de 60 Torres de geração de energia eólica, cada uma com cerca de 50 metros de altura e distante de 300 a 400 metros uma da outra.

Parque Eólico Uma baita intervenção diga-se passagem, mas após tantas idas e vindas de opinião: feio-bonito, válido-desnecessário, etc; finquei o pé em um consentimento favorável e vejo como válida essa ação. Mais turismo ecológico, mais energia e mais conscientização, quem sabe um novo projeto equivalente ao criado pela rodovia da Serra do Rio do Rasto não esteja sendo construído?!

Vale a pena viver pra ver.

Até a próxima viagem!

No comments: