Monday 16 July 2012

Verdade ou consequência (da série: Frases de Efeito)

A frase da vez é:

Frases de Efeito

Quem nunca mentiu?

- Mãe, já fiz o dever de casa!
- Bemm, estou chegando, mais alguns minutos!
- Hoje acordei passando mal!

Por que mentimos?

Possivelmente para evitar conflito, discórdia e dor. Não são poucas as vezes que dizemos uma mentirinha por achar que é mais fácil do que dizer a verdade, afinal dizemos exatamente o que a outra pessoa quer escutar.

Mas já paramos para refletir qual o preço de privar a verdade, principalmente das pessoas que gostamos? Confiança e o respeito são multiladas por mais tempo que a ilusão se mantenha.

Imagine um casamento que dura 40 anos onde um parceiro sempre teve o hábito de trair o outro desde o início da união.
Você acredita que haveria diferença entre descobrir a traição logo após do casamento ou depois de 40 anos?

Qual seria a diferença?

Causaria mais dor descobrir depois?

A mentira pode ter gerado um suposto casamento feliz por mais de quatro décadas, mas foi justo esconder isso da pessoa? Se ela descobrisse o ato de traição logo após o casamento, a união permaneceria? Até que poderia, mas sobre um contexto totalmente diferente.

Não consigo encontrar argumentos suficientes que sustentem uma mentira alimentando a felicidade alheia, mas acontece muito, tanto do emissor que cria a mentira, quanto do receptor que, muitas vezes, a cultiva.

Há pessoas preferem viver nessa ilusão, pois a realidade não é tão doce quanto a fantasia.

Além do mais, a ilusão nada mais é do que uma forma de representação da realidade. Considerando que cada um de nós possuimos um olhar sobre o mundo, concebemos importância para algumas coisas, tornando-as úteis, enquanto outras fúteis. Por outro lado há pessoas cujos valores são totalmente contrários aos nossos, o que torna cada visão da vida uma realidade própria.

Respeito o desejo daqueles que toleram a mentira em prol de uma ilusão de felicidade, mas ainda acho que por de trás do violento tapa de realidade que a verdade pode deferir, ainda assim, ela é mais dignificante e respeitosa. Se a partir dai a pessoa desejar manter a situação, relação ou o que seja a tal coisa é uma decisão dela. Ai sim, tal decisão é digna de respeito e de admiração.

Já fui pedra e já fui vidraça. Falar a verdade é tão duro quanto ouví-la, mas não trocaria nenhum desses momentos pelo doce gosto que a ilusão proporcionaria.

Monday 11 June 2012

Frases de Efeito

Adoro frases de efeito, elas possuem um poder emoldurador, daqueles que você vislumbra em uma escrita com letra cursiva única, ocupando duas linhas de um pergaminho, cercada por uma moldura preta ou branca e pendurada no fundo do corredor de casa em uma posição de destaque, indicando que ali tem algo a ser dito. Selecionei algumas frases que estão fazendo parte do meu dia a dia nesse ano de 2012 e daí fazer algumas deliberações legais a respeito. Empolgado que sou decidi montar uma nova série de blogs com essa temática e entitulada, logicamente: Frases de Efeito. Fiquem a vontade de mandar sugestões.

Capitulo, ou frase 1:

Frases de Efeito 1

Que frase espetacular! Para mim uma das melhores que escutei esse ano e trás duas reflexões importantes sobre a nossa sociedade.

1) Se de fato há pessoas que cumprem o que foi apalavrado sem precisar assinar nada, o famoso "acordo no fio do bigode", bem como se há pessoas, por sua má fé intrínseca desprezam qualquer acordo, ignoram leis e não cumprem as sanções que lhes são impostas; é pura demonstração de que a formalização de contratos e acordos é um ato que transmite um senso de inutilidade em nosso país e sua formatação, à priori, não precisaria ser realizada.

De fato, a afirmação acima é ingênua por sua simplicidade, embora seja bem fundamentada na sua concepção. Entretanto, nossa sociedade não transita nessa definição de "ou preto, ou branco", mas sim em uma "incontável escala de cinzas", onde os "Se's" fazem mais sentido do que os "É's".

Sendo mais objetivo, existem pessoas que acabam cumprindo seus compromissos pela própria existência do papel contratual. Não digo que se o documento não existisse elas faltariam com suas obrigações, mas talvez protelariam mais para cumprí-las ou as fariam de maneira que se adaptassem mais aos seus interesses.

2) Outro ponto é o fator ético propriamente dito. Que falta faz o poder da palavra e do aperto de mão, não é mesmo?! Parece que subitamente  passou a ser necessário perder muito tempo, tinta e papel para formalizar de maneira absolutamente confusa e rebuscada tudo aquilo que fora decidido anteriormente de um modo até simples e rápido.

Sei que soa ridículo sondar ou sonhar o retorno dessa forma - tão antiquada contemporaneamente - de se fazer negócio ou lidar com as pessoas de forma geral, mas o que defendo é que sejamos um pouco mais prudentes antes de proferir palavras de nossas bocas, para que elas não sejam ilusórias ou mentirosas. Importante perceber que embora estejamos em uma sociedade com a cultura do CTRL-Z, um Nome que inspira confiança e credibilidade ainda é o maior patrimônio que uma pessoa possa ter.

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> Bom de ouvir:

Saturday 9 June 2012

Quem é você?

Quem é você que um dia conheci de forma casual, inesperada e despretenciosa?

É a mesma pessoa que me tornei amigo, um tipo de sócio e até confidente?

Observou sorrateiramente o fim de uma jornada, implicou e se aproximou.

Foi com você que derrepente "click" e você se tornou você!

Descoberta, alegria, liberdade e tormento.

Tormenta de amor, paixão, vício e obsessão.

Ilusão de eternidade e de posterior realidade.

Realidade que não foi doce, amargo foi o gosto que passei a sentir.

O sabor putrefado era encorajador, o azedume dignificante e sublime.

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Onde estava você que não me viu tornar-se esse exemplo, que é elogiado e requisitado? Hein?!

Mas agora não importa mais.

Quem é que você seja hoje, já se tornou mito. Maldição que me persegue nas ressacas, na tristeza do cansaço, nos fim de noites onde procuro dizer que a sua falta me faz falta.

Mas faz?!

Talvez eu precisasse disso, vomitar as palavras para que essa confusão interna acabe de uma vez por todas e depois de muito, mas muito tempo, me sinta livre e perceba que já sou feliz há um bom tempo e você não está aqui.

Sunday 27 May 2012

California 1, segundo ato

Quando chegamos em Solvang na segunda feira, dia 17, ainda não tinhamos estada certa para o outro dia. Apesar de toda promessa que cercava a California 1, nenhuma cidade me levantara os olhos entre LA e São Francisco durante a pesquisa feita em casa a propria escolha de Solvang foi uma indicação que minha mãe recebeu e um vizinho dela. Melhor assim... uma das melhores coisas de se viajar é ser surpreendido e ter boas historias para contar.

Por mais importante que seja fazer um bom planejamento de viagem é muito bom deixar um espaço para imprevistos e surpresas. Já tinha aprendido em outras viagens, cidades pequenas reservam agradáveis surpresas, assim, após colocar os pés nos EUA, fui captando informações e aos poucos o destino para a noite em aberto foi apontando para a região de Big Sur e Monterey que se mostrou um dos destinos mais propícios.

A saída de Solvang demandou um certo tempo após o pernoite, pois como havíamos chegado à noite, a curiosidade de conhecer melhor aquela simpática cidade de descendência dinamarquesa e com um jeito que nos atraía.

Logo ao lado do hotel que nos hospedamos havia uma das 21 missões espanholas construídas na 'Alta California' na época de colonização durante os séculos XVIII e XIX,  Mission Santa Inés. Para a nossa sorte era dita como a mais bem preservada das missões. Com arquitetura típica colonial espanhola a missão se destaca frente ao estilo europeu predominante na cidade, de certo, o ponto forte além da arquitetura é o jardim interno, preservado e pouco movimentado, que permite esquecer ainda mais do tempo contemplando a natureza e o paisagismo do local.

Mission de Santa Inés - Solvang, CA

Pegando o carro e seguindo pela Mission Dr em direção à Santa Ynez damos uma volta nas cidades vizinhas , além da exuberante paisagem característica de toda a viagem, fomos agradavelmente surpreendidos com varias 'quitandas' ao longo da estrada vendendo gigantescas abobóras para o halloween e suculentos e deliciosos morangos com excelente custo beneficio. Não demorou muito e estávamos de volta à Solvang para caminhar um pouco na cidade e conhecer um pouco do comércio e artesanato local.
Perto do meio dia não tivemos como, tomamos nosso rumo e partimos de volta para a Califórnia 1. Daquele ponto já havíamos decidido pernoitar em Monterey, até lá seriam 210 milhas e pela frente uma coletânea de paisagens dignas de cartão postal.

Estrada sinuosa que em cada curva revelava uma surpresa na paisagem, impressionante também era como o tempo mudava em poucos minutos, de céu azul para tempo chuvoso com forte neblina.

Nesse percurso destacaria 03 pontos:

01) BigSur: De geografia bastante acidentada a região do Big Sur é de certo uma das mais belas do mundo. Oceano Pacifico azul e sempre à vista, penhascos de tirar o fôlego e vegetação abundante fazem parte desse pedaço da costa da Califórnia que possui baixa densidade populacional. Tentar relatar além dessas palavras seria encher lingüiça, pois é impossível descrever tamanha beleza, vale a dica de fazer o trajeto de dia, pois à noite, além de não se ver nada a estrada proporciona bastante risco, ainda mais com a presença de forte neblina.

DSC05953

02) Hearst Castle: Ou me passou totalmente desapercebido, ou os guias não dão a devida atenção para essa impressionante construção que foi visão de William R. Hearst um grande magnata das comunicações. Por fim, hoje é patrimônio do governo da Califórnia, a doação realizada pela Hearst Fundation ocorreu logo após a morte do magnata na década de 1950, mas dizem que foi moeda de troca para a quitação de alguns milhões de impostos que o grupo devia ao estado.
Outro fato curioso que envolve o nome Hearst é que a neta do empresario, Patricia Hearst, foi seqüestrada e durante o cativeiro dizem foi acometida da Síndrome Estocolmo onde o trauma do sequestro faz com a vítima crie uma relação afetiva muito grande com seus agressores, no caso, ela tornou-se ativista da causa defendida pelos seqüestradores que faziam parte da guerrilha para-militar de extrema esquerda conhecida com o SLA (Symbionese Liberation Army).

Hearst Castle, San Simeon, CA

03) Mirantes: É seguro afirmar que todo lugar da HWY 1 que é merecedor apreciação possui um lugar reservado para que isso seja feito, de mirantes com uma boa infra-estrutura até um acostamento na rodovia permitem que postergue a chegada ao destino em mais alguns minutos para a apreciação.
De certo ela é uma rodovia para se ir parando, permitindo que se veja desde dezenas de kitesurfers colorindo o céu à beira mar,  muitos e muitos leões marinhos espreguiçando-se nas praias de cascalhos, até os despenhadeiros onde a vista se perde na união entre terra, céu e mar.

Nice View

See you soon...

Monday 23 April 2012

Big, very Big Apple

Para mim, NY, juntamente com Londres, é uma das duas capitais do mundo, se não for "a", é muita coincidência então ela ser a sede das Nações Unidas. A "cidade que nunca dorme" faz juz a todos seus adjetivos. Cosmopolita ao extremo, terra democrática e que, surpreendentemente, fala mais de 110 idiomas, é marco da história moderna, fazendo e acontecendo.

Como toda a grande cidade, ela pode ser vista por vários espectros:

Cosmopolita. Poucas cidades no mTime Square = Todo mundo junto e misturadoundo podem ter a honra de deter esse adjetivo (Londres, São Paulo, Paris, Tóquio, Los Angeles, etc). NY é "estados-unidense" apenas por estar geograficamente dentro do território dos EUA, mas ela pertence ao mundo. Certa vez,  o músico-compositor-literário Tony Belloto disse algo como: "Existe ir aos EUA e existe ir à NY". Sábias palavras, pois a cidade parece viver em uma realidade à parte do resto do país e pouco se vê da crise que assola a terra do Tio Sam.

Democrática, sem pudor e sem preconceito, observa-se na cidade uma convivência pacífica entre pessoas de raças, credos, aparências, filosofias, nacionalidades totalmente diferentes umas das outras. Fala-se de tudo, come-se de tudo e espera-se que tudo aconteça por lá.

Vida e Cultura. É sede de mais de 100 museus (maior Café Wha!!!! Boa música!!! concentração mundial), palco de inúmeras peças teatrais, musicais da Broadway e de uma música que toca em cada esquina, nos bares de porões e nas grandes casas de espetáculos como Radio City Hall; cenário à céu aberto de filmes e séries inesquecíveis (Friends, Sintonia de Amor, King Kong, filmes de Woody Alen, etc). Nova York respira cultura, agito e acima de tudo vida.

Arquitetônico e de engenharia. Através de seus arranhas céus (Empire State, WTC One, etc) e de suas façanhas de engenharia audaciosas para o tempo de sua construção (Rockefeller Center, Lincohn Tunnel, Brooklyn Bridge, WTC One, etc).Rockefeller Center

Uma menção especial vale ser citada para o estio arquitetônico presente na cidade, encontra-se de tudo: Neo-clássico (Biblioteca Municipal e Museu de História Natural), Concretismo (ONU), Modernismo (WTC), mas o estilo que achei a indiscutível assinatura da cidade foi o Art Noveau, presente em grande concentração no coração da cidade: Rockfeller Center, Empire State e Crysller Building são reflexo de uma imponência um tanto quanto ingênua dos EUA ainda florescendo como potência e sinônimo de eldorado do século XX para aqueles desejosos de liberdade e uma vida melhor até o final da década de 1920. É claro que isso tudo antes  do crash da bolsa de 1929, da Segunda Guerra Mundial, da Guerra Fria e do Guerra do Vietnam.

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Um elogio especial pode ser feita à cidade, pelo pouco que se parece com o resto do país quando pouco se reconhece nela o apelo, culto e a dependência ao automóvel. Pois foi a única a qual estive nos EUA onde o cidadão não é inteiramente refém do automóvel, havendo uma eficiente rede de metro, ônibus e de serviço aquaviario que permitem que o nova-iorquino e os turistas não precisem do carro. É verdade que essa situação é um alento, pois ter e manter um veículo em Manhatan é financeiramente proibitivo.

Outro ponto positivo na cidade é a o fato de você nunca conseguirá ver tudo o que ela tem a te oferecer, o que faz você relaxar e aproveitar aquele programa que fora escolhido naquela oportunidade. Essa é minha deixa para não falar aqui de outros lugares clássicos da cidade os quais o tempo não permitiu visitar, como o Guguenhein Museum, o Brooklyn, o Queens, o Bronks, estes últimos que aos olhos de qualquer turistão não despertaria nenhuma atenção adicional a não ser a repulsa. Acredito que há muita coisa interessante a se ver por lá, algumas pessoas queridas já me indicaram ótimos lugares para ir, principalmente no Brooklyn e que, de certo, eu irei.

O fato de ir para lugares fora do circuito turístico te permite ter contato com a cultura local, sem ser afetado pela "acultura" que se resulta da conglomeração de tantos povos distintos.

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Como todas as cidades, NY tem seus pontos negativos, mas longe de mim querer falar de coisas ruins nesse blog, mas é salutar dizer que a Estátua da Liberdade é uma decepção genuína. Mirradinha, tímida e perdida no encontro dos rios Hudson e East é um símbolo valorizado apenas pela sua representatividade, pois esse monumento, de monumental não tem nada. Daí a dica que fica é: prefira o tour pelos Rios do que a visita na Liberty Island, você vê a Estatua e faz um maravilhoso passeio.

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Por fim, deixo uma dica que me surpreendi ao fazê-la e que foi inesquecível. Procure ir quando houver algDSC01508um evento especial que o permita ver a cidade com outros olhos, no meu caso eu fui na meia maratona da cidade, o que me permitiu vivenciar a passagem inusitada em lugares espetaculares como Central Park, 7a Avenida e Times Square, fora a 'vibe' que o evento possui.

Coincidentemente eu e meu camarada de viagem, o jovem cidadão Jabes, estávamos na cidade quando foi comemorado no país inteiro o dia de St. Patrick, onde toda a cidade fica em festa.
Outro acontecimento que pegamos foi o lançamento do IPad3, que apesar de lançamentos comerciais não estarem no meu top list de coisas a vivenciar, ver o lançamento de um produto Apple teve sim sua relevância.

Fuce o calendário do que acontece na cidade, mas aproveite esses eventos!

Bem por hoje é isso, até a próxima viagem

Wednesday 25 January 2012

De repente, partida.

Por sermos quem somos: animais pensantes e uma espécie um tanto quanto egoísta, acabamos esquecendo o quão somos pequenos.

Imaginamos que sabemos de tudo, e para aquilo que não sabemos acreditamos fortemente que há alguém (entidade, divindade, etc) que saiba de tal resposta.

Mas a vida possui percalsos que quando nos deparamos com eles, parecem dar um tapa na cara de tão absurdo, incompreensível até aos olhos dos mais crentes. Como pode haver certos tipos de sofrimento? Como Deus inflige tal agonia e dor para as pessoas boas, logo para as pessoas boas?!

Certa vez, um grande amigo, de farra e de filosofia me falou da visão de sua crença que é compartilhada por outros milhares, milhões. Apresentou-me sua teoria ou melhor, sua fé, de que essa não é nossa única vida, é apenas mais uma vida que vivemos e de outras tantas que iremos viver. Subtamente lembre de um diálogo do filme Gladiador (2000) em que o personagem principal diz: “que o que fazemos em vida ecoa pela eternidade!”.

Parte dessa crença que meu amigo falou diz respeito que certas “atrocidades” que acometem à pessoas boas nessa vida seria um reflexo ou o semear do que elas fizeram em vidas passadas. Seria a existência (ou outro sinônimo mais apropriado) buscando um equilíbrio para aquele ser ou espírito.

Outro ponto que me lembro da nossa conversa é o que chamaria de senso de propósito: nada acontece ao acaso, mesmo as coisas mais incompreensíveis, sofríveis e absurdas. Para os que ficam, dizem que há o ensinamento que aquele momento proporciona. Ensinamento que só o tempo e um estado receptivo para isso poderá revelar.

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Não sou nenhum estudioso em religião, estou mais próximo de ser um leigo, mesmo que seja um Católico praticante. Posso ter cometido um erro grave no meu discurso acima sendo bastante tendencioso a ter a melhor temática para o meu tema, corrompendo a real e complexa idéia que meu amigo me a transmitiu de forma suscinta, mas não quis ofender, fui espontâneo.

Espontâneo em me permitir a imaginar a dor e a agonia que algumas pessoas queridas estão passando nesse exato momento por conta da perda de um ente querido. Deixar que as palavras fluíssem na busca de não fazer um texto agradável aos olhos do leitor, muito menos um discurso consolador, mas externalizar a agonia que foi ao me deparar com o fatídico “porque isso aconteceu?!”.

Dai, sou obrigado a remeter à idéia do primeiro parágrafo:

Quão ignorantes somos em imaginar que sabemos todo o mistério que nos ronda?!

Que soberba nós temos em questionar os desígnos de Deus acreditando que nós sabemos sempre o que é melhor para nós?

De fato isso não é nada consolador nem confortante no momento de dor extrema, mas o que seria? Quais palavras dizer?

Nenhuma…

É nesse momento em que não achamos nenhuma frase de consolo e onde nenhum abraço parece confortar é que se agarra na coisa mais abstrata, mais improvável para os mais céticos, teóricos e descrentes…. a fé! E as duas frases em negrito estão acima estão de certo cheia de fé.

E que seja a fé de acreditar que a vida de qualquer pessoa ceifada da forma que for, consiga transmitir para aqueles que ficam o seu propósito e que o nome delas nunca seja esquecido.

Que aos 45 do segundo tempo esse blog transmita uma mensagem de vida através de duas frases:

Nasce-se sem pedir e morre-se sem querer. Por isso, proveite o intervalo. (ouvi da minha afilhada Brunella Gava, mas não acho que seja de sua autoria)

Passamos mais tempo mortos do que vivos! (dita no programa Pretinho Básico da Rádio Atlantida, em 24 de janeiro de 2012)

The end (begin)…

Friday 13 January 2012

Destino

IMG_0619Sempre recusei a máxima que nosso destino está traçado, de que algo nas estrelas, na borra de chá ou mesmo na minha mão diga quem eu sou e que eu vou ser isso ou aquilo. Acho que eu e todo mundo tem muito a mais para oferecer e que todo o mistério que envolve a nossa existência não se resume à um jogo de cartas marcadas.

 

Outra certeza que tive foi que ao me permitir as coisas na minha vida eu estaria tomando as decisões mais acertadas e de fato todas as mudanças drásticas que tive, possuiram um gosto de certeza inabalável, mas agora a sensação me parece diferente. Incerteza, mesclada com uma necessidade de auto afirmação e com o medo natural que essas sensações naturalmente carregam, literalmente tão tirando o meu sono. Talvez seja a mesma sensação das ultimas vezes, mas com não sei ainda se será tão acertada como as outras, essa angustia parece inédita.

Uma escolha possui um peso muito grande, pois ela exige sacrifícios, ai serve a máxima de que ao escolher um pacote de coisas, estamos automaticamente abdicando de tantas outras. Um casal quando resolve casar e abrir mão da vida de solteiro; ou quando decidem ter um filho e abrem mão de viajar e outros luxos; ou um filho que resolve restringir o convívio com a família e se muda para longe em busca de um sonho qualquer são exemplos de escolhas nada fáceis.

O que dá um requinte de crueldade à Escolha é o Tempo, pois uma Escolha demanda tempo e esse tempo nunca mais vai ser revertido se você "voltar atrás", alias sempre é tarde para voltar atrás, pois uma decisão que é considerada "voltar atrás" nada mais é do que uma nova decisão, aparentemente igual a que se poderia ter tomado antes, só que num tempo mais a frente. Falar desse jeito é ter a ilusão de que se pode voltar no tempo, apagar o que foi escrito e rescrever nossa história, impossível tudo uma ilusão.

Tomar uma decisão é abrir a porta para o arrependimento e confesso que essa palavra antes inofensiva hoje me causa calafrios. Dizem que o pior arrependimento é não ter tentado, mas tudo na vida é tentar: se escolho ficar em casa ao aceitar uma proposta de trabalho em outra cidade eu, aparentemente, posso não estar tentando o caminho mais audacioso, mas de certo estou tentando ter o mesmo sucesso de que teria, só que ficando na minha terra natal com meus entes queridos; ou quando não resolvo investir em uma paixão por morar longe e pelo futuro ser incerto é sinal que posso não estar tentando vivenciar fortes emoções, mas que estou tentando ser realista com todo o cenário de dificuldade e por aí vai.

De certo que a famosa frase “de que o pior arrependimento é não ter tentado” contempla que o tentar faz referencia às decisões mais difíceis e que requerem mais sacrifícios, subtendendo que as mais fáceis são mais acessíveis em um momento futuro, ex.: posso aceitar a proposta de mudança correndo o risco de que se não der certo posso voltar para casa; ou investir naquela paixão a distancia, mesmo correndo o serio risco de dar errado e se assim ocorrer, saber que você terá um monte de argumentos para se convencer de que não tinha como dar certo. Sabiamente a frase prevê que a escolha inversa, aquela que escolhe o mais fácil e depois se arrepende, dificilmente não se terá a mesma oportunidade no futuro.

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O processo de escolha é uma balança, ou como meu amigo Alex "Neeemmm" Deeke disse melhor, é uma análise SWOT de cada possível escolha. Entra na analise conceitos técnicos, emocinais, profissionais, pessoais e de história (presente, passado e futuro). Mistura-se eles, depois tenta-se separa-los, dar peso, notas, eleva-se alguns e rebaixa-se outros na busca de uma resposta clara que dê confiança e conforto para se fugir do agonizante arrependimento.

Depois desse longo processo e horas de reflexão a sensação é que as duvidas persistem.

Em determinado momento o melhor caminho é não mais pensar, dá vontade de pegar uma moeda e deixar o destino decidir, afinal tenho fé de que tudo dará certo independente de onde estiver.

Não lancei a moeda ao ar, mas percebi, com a ajuda de valorosos amigos e da minha família que eu estou na fase de arriscar, que tenho muito pouco a perder comparado com uma situação que tivesse casado ou com filhos, ou talvez seja a hora de correr o meu maior risco, mesmo que o risco de errar seja muito alto...

O frio da barriga nunca sai de mim... Que venha o próximo desafio, pois como diria o inoxidável e emblemático Rock Balboa:

 

"O segredo do sucesso da vida não esta em quantas porradas você pode dar, mas em quantas você agüenta tomar!"