Friday 13 January 2012

Destino

IMG_0619Sempre recusei a máxima que nosso destino está traçado, de que algo nas estrelas, na borra de chá ou mesmo na minha mão diga quem eu sou e que eu vou ser isso ou aquilo. Acho que eu e todo mundo tem muito a mais para oferecer e que todo o mistério que envolve a nossa existência não se resume à um jogo de cartas marcadas.

 

Outra certeza que tive foi que ao me permitir as coisas na minha vida eu estaria tomando as decisões mais acertadas e de fato todas as mudanças drásticas que tive, possuiram um gosto de certeza inabalável, mas agora a sensação me parece diferente. Incerteza, mesclada com uma necessidade de auto afirmação e com o medo natural que essas sensações naturalmente carregam, literalmente tão tirando o meu sono. Talvez seja a mesma sensação das ultimas vezes, mas com não sei ainda se será tão acertada como as outras, essa angustia parece inédita.

Uma escolha possui um peso muito grande, pois ela exige sacrifícios, ai serve a máxima de que ao escolher um pacote de coisas, estamos automaticamente abdicando de tantas outras. Um casal quando resolve casar e abrir mão da vida de solteiro; ou quando decidem ter um filho e abrem mão de viajar e outros luxos; ou um filho que resolve restringir o convívio com a família e se muda para longe em busca de um sonho qualquer são exemplos de escolhas nada fáceis.

O que dá um requinte de crueldade à Escolha é o Tempo, pois uma Escolha demanda tempo e esse tempo nunca mais vai ser revertido se você "voltar atrás", alias sempre é tarde para voltar atrás, pois uma decisão que é considerada "voltar atrás" nada mais é do que uma nova decisão, aparentemente igual a que se poderia ter tomado antes, só que num tempo mais a frente. Falar desse jeito é ter a ilusão de que se pode voltar no tempo, apagar o que foi escrito e rescrever nossa história, impossível tudo uma ilusão.

Tomar uma decisão é abrir a porta para o arrependimento e confesso que essa palavra antes inofensiva hoje me causa calafrios. Dizem que o pior arrependimento é não ter tentado, mas tudo na vida é tentar: se escolho ficar em casa ao aceitar uma proposta de trabalho em outra cidade eu, aparentemente, posso não estar tentando o caminho mais audacioso, mas de certo estou tentando ter o mesmo sucesso de que teria, só que ficando na minha terra natal com meus entes queridos; ou quando não resolvo investir em uma paixão por morar longe e pelo futuro ser incerto é sinal que posso não estar tentando vivenciar fortes emoções, mas que estou tentando ser realista com todo o cenário de dificuldade e por aí vai.

De certo que a famosa frase “de que o pior arrependimento é não ter tentado” contempla que o tentar faz referencia às decisões mais difíceis e que requerem mais sacrifícios, subtendendo que as mais fáceis são mais acessíveis em um momento futuro, ex.: posso aceitar a proposta de mudança correndo o risco de que se não der certo posso voltar para casa; ou investir naquela paixão a distancia, mesmo correndo o serio risco de dar errado e se assim ocorrer, saber que você terá um monte de argumentos para se convencer de que não tinha como dar certo. Sabiamente a frase prevê que a escolha inversa, aquela que escolhe o mais fácil e depois se arrepende, dificilmente não se terá a mesma oportunidade no futuro.

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O processo de escolha é uma balança, ou como meu amigo Alex "Neeemmm" Deeke disse melhor, é uma análise SWOT de cada possível escolha. Entra na analise conceitos técnicos, emocinais, profissionais, pessoais e de história (presente, passado e futuro). Mistura-se eles, depois tenta-se separa-los, dar peso, notas, eleva-se alguns e rebaixa-se outros na busca de uma resposta clara que dê confiança e conforto para se fugir do agonizante arrependimento.

Depois desse longo processo e horas de reflexão a sensação é que as duvidas persistem.

Em determinado momento o melhor caminho é não mais pensar, dá vontade de pegar uma moeda e deixar o destino decidir, afinal tenho fé de que tudo dará certo independente de onde estiver.

Não lancei a moeda ao ar, mas percebi, com a ajuda de valorosos amigos e da minha família que eu estou na fase de arriscar, que tenho muito pouco a perder comparado com uma situação que tivesse casado ou com filhos, ou talvez seja a hora de correr o meu maior risco, mesmo que o risco de errar seja muito alto...

O frio da barriga nunca sai de mim... Que venha o próximo desafio, pois como diria o inoxidável e emblemático Rock Balboa:

 

"O segredo do sucesso da vida não esta em quantas porradas você pode dar, mas em quantas você agüenta tomar!"

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