Monday 2 May 2011

Joseph Climber lives…

Perseverança é palavra comum do cotidiano e que peguei recentemente a analisar melhor seu significado. Pelo dicionário, a palavra origina-se do verbo perseverar:

Continuar, persistir numa opinião, num costume que seja bom.

Não demorou para notar que seu significado é transcedental, por mais amalucado que essa afirmação possa parecer, pois qual o parecer para adjetivar um indivíduo como “perceverante”?! É aquele insistente em via das dificuldades?

Mas até a que ponto? Qual é essa linha divisória que separa uma pessoa normal, da do perseverante e este do estúpido ou ingênuo?

Desde o falecimento precoce dos meus avós, meu pai assumiu consientemente e inconsciêntemente a responsabilidade pela criação e “felicidade” do irmão caçula. Sempre lhe preocupou o jeito “amalucado”e inconsequênte que meu tio sempre levou a vida, proporcionando à sua família uma vida de verdadeira montanha russa com altos e baixos alucinantes. Nos últimos 15 anos sou testemunha ocular das tentativas dos 03 irmãos mais velhos, no que eles mesmos falavam, em: - Dar um jeito no Tata!”, mas resultando apenas em sucessivos fracassos, gerando desgaste e desconforto entre as partes.

Com o passar dos anos, os filhos cresceram e a situação ganhou contornos dramáticos: o filho mais velho foi assumindo grandes responsabilidades, o pai abandonando as dele e os tios (irmãos) aflitos sem saber o que fazer.

Fizeram a única coisa possível ao alcance deles: perseverar na tentativa de “dar um jeito no Tata".

Considero-me um ser relativamente elucidado e com uma visão de fora da situação já fui censurar a mais recente proposta de caravana dos irmãos em buscar a rendeção ou o reatrilhamento (verbo que quer dizer: por de volta aos trilhos) do caçula:

- Gente, vocês não vêem que é perda de tempo ir lá?! Além de nunca ter surtido efeito ao longo dessses anos, vocês só fazem afastá-lo!

Em um tom melancólico ouvi a resposta:

- Vamos lá fazer a nossa parte, oferecendo mais uma vez ajuda e alertá-lo do risco de estar perdendo a família.

É importante ressaltar que o que move os perseverantes não é um objetivo racional e preciso, mas algo que só a fé e o amor podem explicar, ou melhor: que por serem movidos por pessoas com fé e amor é que não precisa de explicação.

E num belo dia, como fazendo parte de um roteiro hollywoodiano, é escutado ao som mono do telefone que o Trem estava entrando novamente nos trilhos, começando a se mover lentamente, de forma frágil e não muito confiável. Mas lá estava ele, resgatando algo que estava perdido, ou mesmo, criando algo totalmente novo e dignificante.

Aos irmãos, de estúpidos ou ingênuos, dignos de censura, tornaram-se subtamente em seres providos de uma perseverança invejável e que agora elogio e tenho a eles um olhar da mais profunda admiração.

Quanto à mim, bem, tomei um cala boca federal e sem precedentes. Mas nunca foi tão bom, novamente, estar errado!

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